Kitsch é uma palavra de origem alemã criada no século XIX e, não tendo um significado único e próprio, tem interpretações tão distantes que vão desde a vulgaridade à sentimentalização passando pelo exagero. O termo nasceu no seio de produções artísticas que eram consideradas aberrantes, feias e inferiores, sem qualquer valor artístico intrínseco. 

A arte kitsch cobre-se de uma falsa importância, assume-se nobre, erudita e altiva. Peca pela má conjugação de temas, cores, formas, não há equilíbrio, estrutura ou objetivo. É o anti-arte a querer passar por arte. É o desejo de querer ser o que nunca nasceu para ser.

Eu sou kitsch.

Sou qualquer coisa a fingir que é arte. Falsa sensação a de pensar que sou (mais) alguma coisa. Sou a coleção de pequenos nadas com o desejo de vir a ser uma obra-prima - a hipocrisia da arte. A arte não se cria, a arte surge. Não posso querer uma coisa que não existe. Sou uma imitação barata de qualquer coisa sem valor que decidi engrandecer, sem conhecimento, sem limites. Sou a pretensão de transcedência disfarçada de importância.

 Talvez serei uma arte póstuma.

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